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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Um copo de Cólera (Raduan Nassar)


"Empurrado pra praia do rigor- meus cascos sabiam investir a sua lógica, mas toda essa agressão discursiva já beirava exaustivamente a monotomia, não era mais o caso de bocejar em cima de um sono maldormido, não era o caso enfadonho de esticar os braços supérfluos, as coisas aqui dentro se fundiam velozmente com a febre, eu já não tinha sequer pedrisco na moela, quanto mais cascalho que era o indicado pra digerir o papo dela, sem esquecer que a reflexão não passava da excreção tolamente enobrecida do drama da existência" (pag.34)


  "Vá pôr a boca lá na tua imprensa, vá lá pregar tuas lições, denunciar a repressão, ensinar o que é justo e o que é injusto, vá lá derramar a tua gota na enxurrada de palavras; desperdice o papel do teu jornal, mas não meta a fuça nas folhas do meu ligustro" (pag.38)  



" É hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio- definitivamente fora de foco- cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e voce, que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica uma piada" (pag. 43)



"Só usa a razão quem nela incorpora suas paixões" (pag.56)



"A culpa melhora o homem, a culpa é um dos motores do  mundo" (pag.60)



"As palavras- impregnadas de valores- cada uma trazia, sim, no seu bojo, um pecado original (assim como atrás de cada gesto sempre se escondia uma paixão" (pag. 61)



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