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domingo, 22 de abril de 2012

As Ondas (Virginia Wolf)


"Mas quando nos sentamos juntos, perto um do outro- disse Bernard-, nossas palavras se fundem um no outro. Estamos emoldurados pela nebrina. Formamos um território inapreensível" (pag.21)

"Agora é pleno verão. Subimos para mudar de roupa, vestimos trajes brancos para jogar tênis- Jinny e eu, Rhoda nos seguindo.Conto cada degrau enquanto subo, conto cada degrau como uma coisa definitivamente ultrapassada. Assim também, a cada noite, arranco do calendário o dia que acaba de findar e o amasso numa bolinha bem apertada. Faço isso para me vingar, enquanto Betty e Clara estão ajoelhadas. Eu não rezo. Vingo-me do dia. Descarrego meu ódio sobre as imagens dele"(pag.44)

"Por isso odeio espelhos que revelam meu verdadeiro rosto. Sozinha, muitas vezes mergulho no nada. Preciso firmar meu pé fortemente, senão caio do limite do mundo para dentro do nada. Preciso bater minha mão contra uma porta rija, para me chamar de regresso a meu corpo"(pag.48)

"Serei pelo resto da minha vida alguém que se agarra à franja das palavras" (pag.52)

"Há um obstáculo no fluxo do meu ser; um rio profundo pressiona um empecilho; empurra; puxa; um nó resiste no centro de mim. Ah, essa dor, essa agonia! Desfaleço, fracasso. Agora, meu corpo descongela; estou aberta, estou incandescente. Agora, o rio derrama, vasta maré fertilizante rompendo eclusa, insinuando-se à força por entre as gretas, imundando livremente a terra. A quem darei tudo o que flui através de mim, de meu corpo cálido, meu corpo poroso?" (pag.60-61)

"Seria uma vida gloriosa, devotar-me à perfeição; seguir a curva da frase para onde quer que ela levasse, para desertos, ao longo de colinas de areia, sem me importar com miragens ou seduções; ser sempre pobre e mal-arrumada: ser ridículo em pleno Piccadily" (pag.90)

"Ideias fragmentam-se mil vezes para cada vez que formarem uma espera inteira. Partem-se; caem sobre mim. Em linhas e cores sobrevivem" (pag.155)

"Algumas pessoas procuram sacerdotes; outras, poesia; eu vou ter com meus amigos, vou procurar o meu próprio coração, procuro entre frases e fragmentos algo intacto- eu, para quem não há suficiente beleza na lua ou árvore; a quem o toque de uma pessoa com outra é tudo, mas que nem  isso consegue agarrar, que sou tão imperfeito, tão fraco, tão indizivelmente solitário" (pag.257)

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