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domingo, 8 de abril de 2012

"Olhai os Lírios do Campo" (Érico Veríssimo)


"Mas da própria paz dos campos e da ideia mesma de Deus lhe vem de repente uma doida e alvoroçada esperança, que lhe toma conta do ser. É possível que Olívia se salve. Seria cruel demais se ela morresse assim. Acontecem milagres- ele se lembra de casos..."
(pag. 21)


"A ideia do pecado, então, começou a perturbar Eugênio. Estudava as lições e portava-se bem na aula porque temia os castigos da professora. Não fumava, não dizia nomes feios nem 'fazia bandalheiras' porque tinha medo dos castigos da mãe. Fugia dos maus pensamentos e não fazia má-criações nem às escondidas, porque Deus estava em todos os lugares e enxergava tudo" (pag.28)

"Chegara finalmente o dia tão ambicionado. Estava formado, era agora o "doutor" Eugênio Fontes. atingira por fim o alto da montanha. Mas o que via? Uma paisagem nebulosa e incerta. Que sentia? De mistura com a sensação de vitória, uma ânsia indefinível, uma doce melancolia. Quisera esquecer as preocupações sérias e festejar o acontecimento como os outros faziam, abrir todas as comportas interiores e deixar que sua alegria jorrasse livre. Alegria? Tinha medo de fazer uma análise íntima, de olhar para dentro de si mesmo, pois seria cruel descobrir que a represa estava seca ou que continha apenas mágoas, incertezas, gritos de espanto e dúvida, velhos recalques" (pag.65)

"De que vale o sucesso? O que ele quer agora é uma alma, um espírito claro para compreender e aceitar a vida e os homens. A cegueira já passou. As mãos frescas de Olívia pousaram-lhe nos olhos, os sonhos perversos se dissiparam" (pag.133)

"- Mandem tocar de novo as máquinas- disse o gerente.- Não podemos ficar parados. Tempo é ouro.
Ouro... Por que era que os homens não se esqueciam nunca do ouro? Ouro lhe lembrava outra palavra: sangue. Tempo também era sangue. Ouro se fazia com sangue" (pag.139)

"No pavilhão n.3 a máquina assassina continuava a marchar como se nada tivesse acontecido. Era de ferro-refletiu ele-, mas sabia ter uma crueldade de homem" (pag.140)

"De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?" (pag.152)

" É impossível-pensa ele- que tudo acabe na morte. Seria demasiadamente cruel que Deus nos desse uma capacidade de criar e sentir a beleza e nos destinasse ao mesmo tempo ao desaparecimento total e, pior que isso, ao apodrecimento irremediável" (pag.155)

-"Antes de Mussolini e de Stálin já existiam as estrelas e depois que eles tiverem passado elas ainda continuarão a brilhar"(pag.166)

"A vida começa todos os dias" (pag.179)

"A vida tem de tudo. É um mercadinho bem sortido" (pag.258)

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